por Aline Barandas

Recentemente tivemos a derrubada do presidente da maior empresa pública do país em razão de denúncias, investigações e apurações realizadas pelo canal de denúncias e compliance da organização, por descobrir através de relatos realizados, o desvio de conduta do gestor mais alto da organização, envolvido com a prática de assédio sexual.

Esse exemplo prático demonstra o poder de ter um canal de denúncias. As reclamações de assédio sexual, que não foi um caso isolado, facilmente refletiriam em reclamatórias trabalhistas e elevadas indenizações, além da perda de boas funcionárias em detrimento de um colaborador transgressor de regras. Ter um canal de reporte sério, de credibilidade, que passe confiança aos denunciantes, previne o dano reputacional da organização, passivo trabalhista e permite corrigir erros internamente, punindo quem deve ser punido, protegendo a(s) vítima(s) e também implementando novas medidas preventivas.

No caso mencionado, exemplos de medidas cabíveis são: treinamentos de supervisores, gerência e alta gestão quanto à prática de assédio, investimento em mídias disseminando como denunciar e se proteger mediante práticas abusivas de seus supervisores e colegas de trabalho.

Ainda, dentro da mesma organização, vimos que o canal de denúncia interno, mesmo que imparcial e de alta credibilidade, pode gerar alta pressão nos colaboradores envolvidos em sua gestão. Por isso, terceirizá-lo pode ser um caminho, pois não impacta tão fortemente no psicológico dos colaboradores, que pode muitas vezes ter contato direto com a vítima, o denunciante, ou mesmo o denunciado.

Para além de identificar falhas, transgressões e irregularidades, o canal de denúncias íntegro, sério, comprometido e imparcial, apresenta-se como uma excelente válvula de escape para pressões internas e estresse no ambiente de trabalho, que pode culminar entre outras coisas no afastamento de excelentes colaboradores por síndromes psicológicas, e até mesmo, em casos extremos como o diretor de controles internos e integridade da Caixa Econômica Federal, em tragédias.

Portanto, um bom empresário não fecha os olhos para medidas preventivas e mitigatórias de riscos, irregularidades e transgressões, e investe em ferramentas que melhorem o desempenho e ambiente de trabalho de seus colaboradores, assim como o canal de denúncias.




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